Já ouviu falar em “matrescência”?
Alexandra Sack, psiquiatra que trabalha com mulheres grávidas e no pós-parto, usa este termo para descrever o processo da mulher de se tornar mãe.
Ou seja, para falar sobre o período de tempo que começa no momento em que o bebé nasce e se prolonga por vários meses.
Durante este período, a mulher passa por mudanças dramáticas ao nível do corpo, do sistema hormonal, dos sentimentos e emoções que podem ser verdadeiramente assustadoras e dolorosas.
Este processo não é simples nem automático, ao contrário do que muitas de nós espera e acredita que seja.
É uma construção muito dual em que amamos visceralmente o nosso bebé ao mesmo tempo que temos saudades de nós, da vida de antes, da nossa liberdade.
É a dualidade de sentir uma profunda gratidão pela nova vida que temos nos braços ao mesmo tempo que vivemos um “luto” pela vida que ficou para trás.
Seria mais fácil se nos ensinassem que um sentir não invalida o outro, que essa dualidade existe e é natural. Mas a sociedade invalida isso.
Muitas mães são invalidadas no seu sentir, pelo que começam a distanciar-se de si próprias numa tentativa de ocultar o seu sentir.
Muitas mães receiam estar a passar por uma depressão pós-parto porque não estão a gostar da maternidade, não se sentem capazes, não sentem instintivamente a maternidade e sentem coisas que não deveriam… não se sentem felizes e completas
É essencial entender que é um processo natural que requer tempo, coragem, resiliência e humildade.
Acolha-se, valide o seu sentir e procure uma rede de apoio que respeite o seu processo e o seu tempo. Se achar que não é o suficiente, procure ajuda profissional.
Nunca desista de si: da mulher, da mãe e da pessoa que é.
Com o tempo vai perceber e aprender a construir um doce espaço onde existe lugar para a mulher e para a mãe. Um espaço onde elas se misturam sem se anular.
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