sexta-feira, 23 de setembro de 2022

O início do outono

Hoje celebramos o início do Outono em Portugal. Este dia marca o fim do Verão e o começo de uma nova estação.

Está pronta para o receber? Confesso que para mim setembro é um mês que me deixa um pouco “inquieta”.

Os dias ainda estão bons, as temperaturas amenas convidam a caminhadas e passeios, as aulas começaram há pouco tempo e ainda temos bem presente na memória a “boa onda” das férias.

Mas, aos poucos, lá se vai a descontração e a leveza…. No meu caso o início do novo ano letivo contribui muito para essa sensação, de perda de leveza. Porquê? Porque começam novas rotinas, horários, atividades extracurriculares, reuniões atrás de reuniões, o regresso ao trabalho, as filas de trânsito intermináveis… as gincanas para dar conta de tudo…. e a falta de tempo. Tempo, esse recurso tão precioso, mas tão desvalorizado por nós próprias.

Assim, deixo-lhe um convite, o mesmo que faço a mim própria. Tal como o que acontece na natureza, vamos prepararmo-nos para a transformação que o outono pede. É tempo de deixar cair as “folhas velhas”, o que já não nos serve e abrir espaço para o novo.

Aproveite para organizar a sua casa (roupeiros, armários, gavetas) e destralhar. Ajude os seus filhos a fazerem o mesmo com as coisas deles, nomeadamente com o quarto deles. Mas nada de dedos apontados, críticas ou “tens que”. Arranje forma de juntar diversão e leveza, caso contrário não vão querer colaborar. Coloque música, ou melhor, peça-lhes a eles para tratarem da música! Partilhem um lanche incrível só com coisas “boas” (as vossas).

Também é tempo de nutrir e acumular “alimento” para o Inverno. Cuide de si, cuide da sua nutrição física e emocional. Lembre-se de reservar sempre um tempo só para si na sua agenda!

Encontre uma forma/atividade que lhe permita trabalhar a reconexão consigo própria. Resgate-se todos os dias. Cuide da sua energia vital. Mude o que lhe causa dor. A dor é o seu combustível para a mudança, por isso use-a a seu favor.

Se há uma lição que aprendi é que quanto melhor eu estiver comigo própria, melhor será a qualidade da relação com os meus filhos e com o meu companheiro e mais feliz será a minha família.



sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Quando o início do ano letivo significa mudar

Para muitos jovens e adolescentes, o mês de Setembro significa “mudança”: uma nova turma, nova escola ou a entrada no ensino superior.

Qualquer uma destas mudanças gera stress e/ou conflitos de emoções:

- Existe uma forte necessidade por parte dos jovens desenvolverem novas relações interpessoais, de se sentirem integrados e aceites nos novos contextos e isso exige um esforço de adaptação;

- novas regras e novas pessoas, como colegas, professores e funcionários, superando a timidez e lidando com a frustração;

- E também têm de corresponder às exigências de desempenho que pais e professores esperam;

É difícil, para nós mães, vermos os nossos filhos mergulhados em ansiedade e stress. O nosso coração fica bem apertado, verdade? Afinal sabemos que o stress é algo que pode ser bastante tóxico.

Mas uma coisa é certa, o nosso apoio emocional, o acolhimento, a escuta e o diálogo farão toda a diferença.

Esteja pronta para ser o suporte que o seu filho precisa. Quando ele lhe trouxer angústias, medos, ansiedade esteja lá para o ouvir e apoiar. Não desvalorize ou invalide o sentir do seu filho. Trabalhe as suas expectativas, afinal é sobre ele e não sobre si. Pergunte-lhe o que pode fazer para o ajudar. Ajude-o a encontrar estratégias para lidar com as frustrações e dificuldades. Esteja presente e totalmente disponível, evite manipulações e julgamentos. Veja para além do óbvio, foque na vossa relação e não nos comportamentos.

Para que os nossos filhos recorram a nós eles têm primeiro de confiar em nós.





quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Diversidade e Inclusão

 Vivemos num mundo em que as pessoas cada vez emigram mais. Vivemos num mundo onde pessoas de países diferentes chegam para viver no nosso país muitas vezes totalmente desamparadas. Já pensou se acontecesse consigo, com a sua família?

Somos cidadãos do mundo, por isso, o mais normal é que nas escolas nas universidades e nas comunidades existam pessoas de todas as cores, culturas e feitios. Como já percebemos o mundo não é só feito de pessoas iguais a nós. Precisamos interiorizar que, embora diferentes, somos todos seres humanos.

Como pais é importante ajudarmos os nossos filhos a terem consciência desta realidade. É importante não alimentar estereótipos, aliás é essencial que os nossos filhos os comecem a quebrar. Felizmente muitos adolescentes fazem disso uma causa, que defendem fervorosamente.

Assim, prestes a iniciar novo ano letivo tenha uma conversa sobre diversidade e inclusão, sobre como uma atitude pode fazer uma diferença enorme. Vamos despertar nos nossos miúdos a vontade de conhecer e de se dar a conhecer.

Lembre-se que a diferença acrescenta e nunca diminui: é uma oportunidade incrível para conhecer outras realidades e outras culturas, ficamos mais cultos e com a mente mais aberta.  

“Diversidade é convidar para a festa. Inclusão é chamar para dançar” (Pensador)




quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Dia Mundial de Prevenção do Suicídio

Sabia que crianças e adolescentes são tão suscetíveis à depressão quanto os adultos? No post de ontem entendemos que muitos episódios depressivos identificados em adultos são iniciados na infância e adolescência. Se não leu, convido-a a ler.

Existem muitas ideias pré-concebidas sobre a temática do suicídio que só contribuem para a desinformação e para a construção do estigma que envolve o suicídio e as doenças mentais.

Estas falsas informações podem impedir as pessoas de procurar a ajuda que precisam, colocando-se em risco. Desmistificá-las contribui para uma sociedade mais informada e mais sensibilizada, que percebe a importância de ajudar outros a procurarem ajuda e tratamento.

Em Portugal, três pessoas morrem por suicídio a cada dia e muitas mais tentam suicidar-se. Se perceber que alguém que começa a comportar-se de forma diferente, que anda mais em baixo, mais isolado, que começa até a descuidar a forma de vestir e de se arranjar. Faça alguma coisa.

Informe-se, aprenda e ensine. Vamos criar esperança. Todos temos um papel na prevenção do suicídio! Entre no site prevenirsuicidio.pt e descarregue o manual sobre Prevenção do Suicídio para a comunidade:

https://arisdaplanicie.files.wordpress.com/2021/03/1-livro_prev_suic_comunidade08092020.pdf

Fonte: https://prevenirsuicidio.pt/




quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Um olhar para a “construção da depressão”

Segundo Jasper Juul no seu livro “Sua Criança Competente” a depressão começa lá na infância, quando a criança para se sentir amada, aceita e pertencente tem de abandonar o seu verdadeiro “eu” para se adaptar a um “eu” falso que corresponde às expectativas e necessidades dos seus cuidadores. 

Esse abandono cria um espaço vazio. Aos poucos a criança perde o contato com os seus verdadeiros sentimentos, desejos, necessidades e carências.

 

Quanto mais sacrificamos a nossa integridade, mais dor sentimos. Mas estamos tão treinados a escondê-la que somos os primeiros a invalidar o nosso sentir.

À medida que vamos crescendo tornamo-nos mestres a mascarar essa dor, de tal forma  que nem nós mesmos nem quem está à nossa volta a notará. 

 

Inevitavelmente sempre haverá um sinal verbal ou não verbal de que não estamos bem. Se nós mesmos (já adultos) ou aqueles que cercam a criança, levarem o sinal a sério, compreendendo seu significado e mudando a forma como agimos, o conflito será resolvido e a dor diminuirá ou cessará. Se nada disso acontecer, o sinal aumentará ou mudará (torna-se físico). Finalmente um sintoma verdadeiro se revelará: O primeiro sinal é fadiga, o último poderá ser o suicídio. 



 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Adoecimento Emocional e Apego Seguro

Vamos falar dos pais que estão eles próprios fragilizados e adoecidos emocionalmente.

Para começar, o que isso significa? Quem são estes pais?

São os que não se conseguem ouvir a si mesmos, os que perderam a conexão consigo próprios. São os que não cuidam da sua “casa interior”, que foram ensinados a calar e a reprimir, e que guardam vazios emocionais que provocam dor e sofrimento. São os que, muitas vezes, viram o seu sentir invalidado e que fizeram de tudo para corresponder às expectativas dos outros, encolhendo-se e anulando muito do que era natural e único em si.

O que muitos não sabem é que quando nos tronamos pais tudo isso vem à tona: poderá vir logo durante a infância dos miúdos ou, quando eles viverem a adolescência. E aí, preparem-se porque virá com toda a força!

Quanto mais ignorámos, mais desafiante será. Porquê? Porque são pais que não conseguem ser congruentes e conscientes. Muitas vezes, são pais que não conseguem dar conta da dinâmica das suas próprias vidas e isso tende a repercutir na vida dos filhos. E sim, tem impacto direto na qualidade da relação que constroem com os filhos. Estou a falar de conexão, de vínculo e no tipo de apego.

Quando estamos perdidos, deixamos de ter direção. Para encontrar essa direção precisamos de assumir a nossa responsabilidade, precisamos de saber o que é realmente importante na nossa vida. O que não pode faltar?  Já agora: o que é realmente importante para si enquanto mãe e/ou pai?

Os filhos são uma oportunidade incrível para os pais olharem para dentro de si, resinificarem e integrarem a sua história e resgatarem-se a si próprios.

É urgente que as mães e os pais procurem ajuda para eles próprios. Sem isso, dificilmente conseguiremos ajudar os filhos.



segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Geração Rasca

 Quando ouço expressões como “geração rasca” ou “geração perdida” sinto-me profundamente triste.

Não existem gerações rascas ou perdidas. Existem jovens que fazem o melhor que conseguem com os recursos que têm. E uma coisa vos garanto: a geração atual é forte, é corajosa (mesmo quando se refugia no medo) e é destemida! Enfrentam desafios completamente diferentes dos que nós vivemos e, por isso, muitas vezes vão para o mundo sem referências… sem modelos…sem preparação ou proteção…

Por outro lado, entendo o que está por trás dessas expressões: muitos dos nossos adolescentes (e isto acontece em termos mundiais) estão emocionalmente adoecidos e fragilizados.

Agora pensem comigo: quem são os pais desses jovens? Quem são as bases dos sistemas familiares onde as crianças e jovens crescem e se desenvolvem? Somos nós, os da geração passada.

Então, de onde vem o adoecimento e a fragilidade? Quem modela isso? Nenhuma criança nasce má ou a saber odiar. Nenhuma nasce emocionalmente doente ou frágil: nascemos “programados” para amar incondicionalmente os nossos cuidadores, a capacidade de conexão é inata, até porque é uma questão de sobrevivência. Nascemos cheios de potência emocional! Mas então o que acontece pelo caminho?

Como cuidar dos filhos se não cuidarmos dos pais? Como vamos dizer a uma mãe ou a um pai para socorrer os seus filhos, se esses filhos são reflexo de pais que não conseguiram colocar a “máscara de oxigénio” em si mesmos?



sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Mito ou facto sobre distúrbios alimentares

 Muitas pessoas ainda pensam que os distúrbios alimentares na adolescência se referem apenas à anorexia e bulimia, em que o jovem tem um peso abaixo do normal, ou ao transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), em que o jovem tem um excesso de peso. Nestes casos, a aparência física pode ser um indicador.

No entanto, aqui existem vários subtipos em que o adolescente pode ter um peso normal, como pode ser o caso da anorexia nervosa atípica. 

Por isso, estas perturbações acontecem ao longo de todo o espectro de índice de massa corporal. 


Outro mito que afeta muito os jovens com distúrbios alimentares é de que se trata de uma opção sua. Estudos mostram que, de facto, muitos distúrbios alimentares na adolescência começam com um “vou iniciar a primeira dieta”. Só que depois existem os fatores biológicos que são desencadeados (por fatores ambientais) e que propiciam o aparecimento do distúrbio. A partir daí, os jovens perdem qualquer controlo sobre o processo. Os distúrbios alimentares acabam por ser uma consequência, e não uma opção dos jovens. 


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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Consumo de bebidas álcoolicas na adolescência

 Já sabemos que a adolescência é uma fase cheia de oportunidades e riscos, e como nem sempre o adolescente sabe distinguir entre um e outro, pode tomar decisões menos sensatas que levam a comportamentos de risco

Um dos grandes medos dos pais é o consumo de bebidas alcoólicas.

Na adolescência o jovem opta por um destes dois comportamentos: se parecer com os amigos para se integrar ou se destacar do restante do grupo pela diferença. Como pais, desejamos que escolham a segunda hipótese, certo? Mas nem sempre é assim…..Nas festas, o consumo de álcool é incentivado pela situação… também já estivemos nesse lugar, lembra-se?

Qualquer uma dessas escolhas leva a questionamento de valores e regras, podendo ser um verdadeiro desafio para os pais respeitar a independência, oferecer suporte e (ao mesmo tempo) estabelecer limites.

Ajudar os nossos miúdos a terem consciência de que, apesar da pressão externa, as suas ações dependem unicamente da sua vontade e da sua decisão, poderá fazer uma grande diferença. O diálogo é uma forma de se manter por perto e ter mais influência nas escolhas dos nossos filhos — incluindo sobre o uso de álcool.

Conversem sobre os efeitos do álcool no organismo adolescente (que é diferente dos efeitos no adulto). Explique que o consumo excessivo diminui a resposta aos estímulos, inadequação de comportamento, fala pastosa e perda da consciência. Deixe claro que tem ação direta em diversos órgãos: fígado, coração, vasos e parede do estômago e no sistema nervoso central que ainda está em desenvolvimento.

Mantenha a autoridade com sensatez e escute os argumentos e dúvidas. Entenda como o seu filho pensa e vê o mundo. Assim poderá descobrir os melhores argumentos para mostrar o seu ponto de vista de forma que ele compreenda o que está em causa quando ele deliberadamente escolhe beber.




Resoluções de Ano Novo

 Geralmente, em dezembro, fazemos o balanço do ano. Refletimos sobre o que correu bem, o que poderia ter sido melhor, o que ficou por fazer,...